sábado, 18 de agosto de 2007

V ENT - Lisboa 2007 (Programa)

O próximo Encontro Nacional de Tunos, como amplamente noticiado no PortugalTunas, terá lugar nos dias 12, 13 e 14 de Outubro nas instalações da Universidade Lusófona (Campo Grande) em Lisboa, com a organização a cargo da Tusófona.
Programa Genérico

Sexta-feira:


16h00 – Recepção (1ª vaga) - registo e entrega de documentação aos Tunos participantes;
17h00 – Aula de Degustação com Prova Científica de Vinhos (ministrada por um Crítico de Vinhos)
18h30 – “Tesourinho Gastronómico” - Mostra de Vinhos Nacionais, queijos e enchidos. Participação especial de 1 Javali.
20h00 – Recepção (2ª vaga) - registo e entrega de documentação aos Tunos participantes;
21h30 – Serão Musical / Cultural de Acolhimento; (Noite de Fados) – Fado de Lisboa - grupo de vários fadistas

-Apresentação Especial do novo CD do Grupo de Fados “Toada Coimbrã”).

24h00 – Ceia/ Convívio - Bar Académico


Sábado:

10h00 – Sessão de Abertura (convidados Institucionais);
10h15 – Conferências várias (20 a 25 minutos cada);
13h00 – Almoço;
14h30 – Mesa Redonda “1º Painel” (oradores e debate);
16h45 – Pausa para café;
17h00 – Mesa Redonda “2º Painel” (oradores e debate);
20h00 – Jantar;
21h30 – Tertúlia Académica:

- Tema (em ambiente informal);
- Balanço dos trabalhos do dia;

00h30 – Festa Académica;

Domingo:

10h00 – Oficinas de Execução Musical (instrumentos)
11h45 – Oficina de Técnica Vocal – Aula de Voz
13h00 – Almoço;
14h15 – Oficina de Direcção Musical e Artistíca;
16h00 – Comunicações livres;
17h00 –Sessão Plenária (c/ escolha da Organização do VI ENT);

– Encerramento do 5º ENT.


Para mais informações sobre o programa, basta aceder aos seguintes links, onde se fará a actualização e anúncio dos temas, oradores e afins:


http://5-ent.blogspot.com/
http://v_ent.queroumforum.com/index.php

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Veterania tunante e Quarentunas



Ser tuno não tem idade. Parece-me um facto.
Contudo, não podemos negar, julgo eu, que existe uma altura das nossas vidas em que a condição de tunante se revela propícia, porque tragada e vivida num jeito que as palavras dificilmente transmitem o seu amplo significante.
Viver a condição de tuno, durante a jovialidade e gana do curso universitário, quando a idade nos permite um sonhar tão peculiar é, sem sombra de dúvida, uma dádiva única e irrepetível.
É certo que, mesmo depois do canudo na mão, nos é possível, ainda, viver aqueles momentos de euforia quase infantil e despreocupada, mas já não tem o mesmo sabor e peculiaridade dos mais verdes anos, daqueles onde sentimos poder mover mundos e fundos com o simples querer, por força do sangue que aflui abundantemente às guelras da nossa juventude.

Quando se somam, a tudo isso, as responsabilidades laborais e familiares, quando já não podemos traçar e destinar a nossa vida “sozinhos”, porque já não conjugamos o verbo viver no singular, as coisas mutam e tomam outros contornos, dando-nos um novo olhar e forma de estar no negro mester.

Olhando para o nosso panorama tunante, verifica-se que muitas das nossas tunas, nomeadamente as que já labutam há uns anos, têm o seu efectivo composto por muitos trintões e, até, quarentões que se mantêm de pedra e cal com a mesma vontade, movendo-os o mesmo idealismo e sonho, prova de que "velhos são so trapos", prova de um ímpeto admirável. Ainda assim, também se começam a contar tunas que surgem noutros moldes, tunas cuja feição assume diferente forma de viver e assumir a condição de tuno. Falo das Tunas de Veteranos, mais conhecidas, no país vizinho, por Quarentunas (embora por lá também exista a designação de Tuna de Veteranos).

Nuestros hermanos, já há muito concluíram, fruto de uma experiência que não temos ainda, que o mester tunante tem fases diferenciadas de ser vivido e, daí, modos díspares de estruturação na forma de se associarem.

Enquanto as nossas tunas estão muito mais impelidas por uma agenda preenchida (por norma pelo calendário festivaleiro), por uma quantidade de compromissos mais periódicos e regulares (serenatas, convívios, encontros, festas, festividades académicas, entre outros), as tunas de cariz “veterânico” , pautam a sua actividade pelo tipo de disponibilidade dos seus integrantes, pela forma[diria] mais ponderada e sossegada de “se fazer à estrada”, preferindo a pontualidade intensa, um carácter mais sasonal, do que tentar assumir uma agenda demasiado exigente para as suas limitações sociais (de carácter familiar, laboral, etc.).

As Quarentunas, como prefiro apelidar, posto que o termo “Veterano” é algo dúbio de balizar (dado que o é, seja em que moldes de tuna for, conquanto tenha determinada e idade e anos de tuno), são uma forma já mais "vintagenada" e sui generis de negro mester, são muito mais um museu vivo, um repositório de vivências de antanho, que muito apreciadas são por esse mesmo motivo, capazes de apresentar uma outra forma de ser tuna, mais madura, talvez menos pujante e exagerada, mas certamente mais carismática e convicta.
Sempre me impressionaram as Quarentunas, ver pessoas sexagenárias a manterem as “mesmas” aptidões, velhotes com vozes de arrepiar, ainda com “manitas de plata”, com uma postura e filosofia de vida que nos remetiam directamente para a tuna no seu estado mais puro (exceptuando a componente da folia e irreverência só possível à juventude), cujo peso da idade, de todo aquele saber acumulado, aquela maturidade na forma de ser e estar, emprestavam uma misticismo e aura de magia únicos.

Tal como alguns futebolistas veteranos, estes, tal como os Tunos velhinhos, poderão não ter a mesma frescura física e velocidade, mas a sua classe, saber e técnica continuam bem presentes, mais apurados e fermentados. O que falta em vigor é compensado em graciosidade, o que falta em espontaneidade, é compensado com “savoir faire”. Tal como o vinho do Porto, quanto mais velhos.....

Ao contrário do que sucede usualmente por lá, nós, por cá, observamos muitos trintões (quase a chegar, ou passar, a barreira dos 40, plenamente activos nas suas tunas de origem, predestinando uma vitalícia manutenção no seu grupo de origem. Nada de mal, nada a obstar, até porque os mais novos só têm a ganhar com a experiencia e ensinamento dos mais velhos, a quem cabe passar o legado. Ainda hoje, na RTP2, e para evocar a importãncia dos mais antigos, se falava de paquidermes, em que se provava que os comportamentos desviantes e agressivos se registavam nos especímenes órfãos, ou seja que não tinham tido a orientação e ensino dos mais velhos (muitas vezes abatidos nas campanhas deslocação e repovoamento das manadas), tal como sucede nos humanos.
Mas até quando a convivência inter-geracional é profícua e aconselhável?

É, quanto mim, também, preciso e imperativo que o crescimento dos mais novos se faça com certa autonomia, em que se sintam protagonistas, em que vivam a experiência do método da experimentação, onde possam amplamente ser eles mesmos, sem o constrangimento da sombra dos decanos, sem que o sprimeiros se encostem ao "saoir faire alheio", nem os segundos se substituam ao mais novos, sendo mães galinhas ao quadrado.
Não cabe aos avós educar os netos, mas sim aos pais. Daí que, nessa linha de raciocínio, se possa urdir a conclusão de que existe um certo limite de idade para se estar activo numa tuna “regular”, ou seja enquanto se é “filho” (vivência universitária) e depois “pai” (mais ou menos até aos 40).
Depois disso, julgo que há outro caminho que pode, e deve, quiçá, ser desbravado, mais de acordo com as limitações pessoais e familiares, totalmente diferentes das que se tem com 20 e tal anos.
Cabe aos avós ajudar, mas já não repetir o papel que agora cabe aos "filhos" e "netos" ("bisnetos" e assim por diante).

Não sou contra quarentões nas nossas actuais tunas académicas/universitárias, até os louvo por isso, mas convenhamos que não é fácil, nem se pode exigir a mesma disponibilidade, frescura e facilidades.

Tenho ouvido, de muito lado, a palavra “desgaste”, como a que adjectiva o estado de muitos veteranos, que se “obrigam” à mesma disponibilidade e frescura dos mais novos, a cumprirem o mesmo calendário de ensaios e actuações como se os anos e responsabilidades não pesassem., como se não tivessem de prestar contas a mais ninguém dos fins de semana que a família muitas vezes perde em detrimento dos compromissos tuantes.
É certo que quem corre por gosto não cansa, mas a partir de uma certa altura, e quando já se tem família, os condicionalismos restringem a liberdade de movimentos, por mais garra e jovialidade que se tenha de espírito.

Fará, pois, algum sentido, e nisso é olhar para a experiência do país vizinho, com quem muito temos a aprender, disso não tenhamos qualquer chauvinismo e reconhecer, que surjam Tunas de Veteranos (designação que, pessoalmente, não me agrada, pleo acima dito), com um modelo e filosofia mais adequados aos seus componentes, com ensaios mais rareados, com actuações já mais pontuais e, por vezes, excepcionais, sem pressão de festivais ou agendas preenchidas, num estado de “bon vivant”, um pouco como diferenciar o que se bebe de vinho à refeição com o digestivo que se absorve no fim da mesma (acompanhado com um belo “puro”).

Numa altura em que muitos dos que protagonizaram o boom tunante, estão a chegar, ou já chegaram (e passaram), à “ternura dos 40” (e viva o Paco Bandeira!), merece reflexão o ser e estar enquanto Tuno, e em que moldes.
Ser Tuno, sentir-se Tuno, não tem prazo, mas estou convicto que possui formas e fases diferentes de ser vivdo, cada qual única e rica. Saibamos nós viver cada uma o melhor possível.