sábado, 10 de novembro de 2007

Vintage da Tuna Veterana do Porto

Estas breves linhas são para dedicar uma singela homenagem a um grupo muito sui generis. Falo de uma "Quarentuna à portuguesa", falo-vos da mui distinta Tuna Veterana do Porto (TVP), grupo que congrega antigos tunos da T.U.P. (Tuna Universitária do Porto), condição sine qua non para se ingressar nesta irmandade, e, por inerência, ao O.U.P. (Orfeão Universitário do Porto).


A sua fundação está registada nas crónicas tunantes e reza assim:

"Aos 8 de Janeiro do ano da graça do senhor de 1999, 9 convivas tunos reunidos em opíparo repasto em Terras do Sousa, com o Douro a dois passos, sentiram ser mister instituir a antiga, mui nobre, sempre leal e invicta Tuna Veterana do Porto, e se assim o pensaram, melhor o fizeram... tudo devidamente regado e cachimbado".



Grupo para-académico-revivalista, nas palavras dos mesmos, ele não é nada menos que o feliz reencontro da nata tunante e académica dos que, em determinada altura das suas vidas, tiveram em comum a aventura orfeonista no consagrado OUP.


Contando uma boa quarentena de elementos (salvo erro), tem sido como que um farol que, no tempo, encerra em si toda a mística e património de uma idade, uma geração e um tempo únicos na academia e cultura portuense. Carregam, de forma tangível, um acervo e espólio vivencial que é exemplo para as actuais gerações.



Integra a Associação dos Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto e tem espalhado a sua arte nos corações do aficionados.


Encontramos, nas suas fileira, muitos dos "cozinheiros" que, em 1987, nos serviram o I FITU cidade do Porto, hoje com mais de vinte edições (o mais antigo certame/festival de tunas em Portugal), bem como consagrados compositores, poetas e académicos que marcaram gerações e cuja obra perdura no imaginário colectivo, elegendo, a título de exemplo, o tema "Ondas do Douro", para ilustrar esse legado.


A TVP executa um repertório que assenta em muitos êxitos da TUP, uns mais antigos que outros, com um virtuosismo de excelência, como é de esperar de um grupo que reúne um conjunto de castas nobres, todas elas premiadas inúmeras vezes.


A Tuna Veterana do Porto é a magia do passado que se balança em prolepse, igrejos avós que vão deixando o perfume do seu talento e exemplo, como que impulsionando os mais novos a feitos iguais, ou ainda mais gloriosos.


Esta "cambada de resistentes", este recrutamento de "reumáticos" é a mostra que ser Tuno não tem idade, antes pelo contrário. Chegados a esta fase, estes alegres comparsas e companheiros de viagens, vivem agora a maturidade tunante, a verdadeira noção plena de ser-se Tuno, sem pressões competitivas ou outras prioridades do que folgar, conviver e fazer da música a genuina expressão dessa condição.


Nunca tive o privilégio de estar na presença do grupo, mas tenho o prazer e a honra de conhecer um ou outro dos seus ilustres componentes, com especial destaque para o Dr. Eduardo Coelho (que com o Maestro António Sérgio Ferreira, dirige artisticamente o grupo), um mestre, um amigo e companheiro de viagem.


A Tuna Veterana do Porto é, sem qualquer sombra de dúvida, um vintage de excelência, um daqueles néctares que fazem parte daquela reserva preciosa que só abrimos em raras e criteriosas ocasiões festivas.

Endereço os meus votos de continuação de muitos sucessos e o meu reconhecimento por tudo quanto deram, e continuam a dar, ao negro magistério.


Valete Goliardus!